Um novo olhar sobre as constelações e seu significado: Será
o cruzeiro do sul uma cruz?
Marcos Daniel Longhini
Faculdade de Educação, Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Brasil
O artigo
escrito por Marcos Daniel Longhini aborda um tema interessante sobre o que é
uma constelação, rompendo com a ideia de que são um ‘’conjunto de estrelas’’. Para
provar isso, o autor apresenta uma proposta de atividade de ensino na qual as
cinco principais estrelas da constelação do Cruzeiro do Sul são representadas
por LEDs e inseridas em uma caixa. A montagem propicia um “novo olhar” sobre
essa constelação, compreendendo o fato de não se tratar de um agrupamento de
estrelas localizadas próximas entre si.
O autor
começa seu artigo expondo informações interessantes de como a humanidade utilizou
as constelações e utiliza nos dias de hoje. A partir das observações do céu era
possível encontrar formas para registro de passagem de tempo, determinação das
épocas (quando o ano começava e acabava) facilitando prever períodos do
plantio, cheia nos dias e colheita. A partir do momento em que começaram a
obter informações se baseando em desenhos imaginários que o homem inventara,
chamadas de constelações, também foi possível se guiar pelos mares através do céu
na época das grandes navegações. Quando essa prática foi ganhando força, o ser
humano pode concluir que as estrelas não mudam de lugar, elas formam
configurações inalteráveis ao decorrer do tempo.
Uma vez que
no tempo dos Persas e Babilônios (3.000 a.C.) foram feitos registros de mapas
celestes, é possível observar que muitas das constelações presentes ainda são visíveis
nos dias atuais, mostrando que não se alterou quase nada daquela época para a
atualidade, porém, não quer dizer que as posições das estrelas jamais mudarão.
Cada astro possui um ciclo de vida diferente, e na maioria das vezes possuem um
movimento muito lento no céu, fazendo com que não percebamos a mudança de
lugar.
Quando
pensamos em constelações, logo pensamos em desenhos, no entanto, precisamos
entender que elas são agrupamentos aparentes de estrelas, nas quais foram atribuídas figuras dependendo da época e da cultura dos povos que as nomearam. Por exemplo
os Aimaras (povos da civilização pé colombiana), nomearam uma constelação de ‘’Bandeira
de estrelas’’ que representava um símbolo muito usado em suas festividades e
que na verdade é uma figura formada a partir de estrelas que se olharmos,
parecem fazer parte de outras. Já na antiguidade, são inúmeras constelações associadas
a seres mitológicos. Essas informações revelam que o desenho que observamos,
depende da cultura e da época.
Nos dias atuais
utilizamos as constelações para determinar certos eventos, como Escorpião que é visível do Hemisfério Sul
durante as noites de junho marcando o inverno nesse hemisfério.
Já Órion é a constelação típica de verão, que podemos
observar em dezembro.
As constelações começaram a ser catalogadas por Cláudio
Ptlomeu, no seu livro Almagesto
(150 d.C.), mas de grande importância foi o trabalho de
Johann Bayer, astrônomo alemão, que escreveu o Uranometria, em 1603, foi o primeiro
‘’atlas’’ celeste. Os números de constelações constatadas foi aumentando,
principalmente no período de navegações, devido ao maior conhecimento do hemisfério
sul. Muitas constelações
A distância entre a Terra e as demais estrelas são gigantes,
com exceção do Sol, que comparado as outras está relativamente próximo.
Baseando-se em todas essas informações o autor levanta a
seguinte questão: Tudo que podemos observar em uma constelação, como
aglomerados, nebulosas ou galáxias, formam um conjunto, constituindo, portanto,
a constelação?
Para exemplo, o autor pega de exemplo a constelação
conhecida como ‘’Cruzeiro do Sul’’, presente até na nossa bandeira nacional.
Aparentemente ele é constituído por cinco estrelas, mas outros astros estão
localizados na região.
Para a atividade de comprovação foram utilizadas as cinco
principais estrelas mais significativas : Estrela de Magalhães (Alfa do
Cruzeiro), a mais reluzente é a que se
encontra ao pé da cruz. No topo da cruz está Rubídea (Gama do Cruzeiro); na
extremidade esquerda encontra-se Mimosa (Beta do Cruzeiro); e à direita, Pálida
(Delta do Cruzeiro). Existe ainda uma quinta estrela que não pertence aos braços da cruz, conhecida por Intrometida
ou Intrusa (Épsilon do Cruzeiro). Em relação a distância destas cinco estrelas
da Terra, temos: Estrela de Magalhães ou Acrux (359 anos-luz); Mimosa (424 anos-luz); Rubídea ou Gacrux (88 anos-luz);
Pálida (257 anos-luz), e Intrometida (58 anos-luz). Isso revela que, apesar de
elas pertencerem à mesma constelação, estão a distâncias significativas entre
si.
No entanto, por que aparentemente a observamos juntas,
formando uma cruz? Para isso, o autor mostrará, a partir de uma prática
experimental, ser apenas um efeito de perspectiva e desmistificará a ideia de
que as constelações são conjuntos de estrelas.
MONTAGEM EXPERIMENTAL
O autor utilizou uma caixa de madeira, com uma tampa
deslizante (funcionando como uma câmara escura)
para observar o efeito causado pela nossa posição em relação as estrelas
do cruzeiro do Sul. Em uma de suas faces fizeram um orifício. Depois marcaram
no fundo da caixa as posições aproximadas das cinco estrelas citadas,
considerando suas distâncias até nós, que na situação, representamos pela
posição da face com o orifício. Em seguida, em cada uma destas marcas, fixaram,
com fita adesiva, hastes de arame de tamanhos diferentes.
Após todo esse processam obtiveram : na haste com 19 cm de
altura, fixamos Rubí-dea; na de 16 cm, Mimosa; na de 11 cm, Pálida; na de 10
cm, Intrometida; e, por fim, na de 3 cm, a Estrela de Magalhães. Utilizando essas
medidas, a cruz terá uma inclinação para a direita, representando a constelação
em um determinado momento da noite. Para verificar se cada haste estava
colocada na posição correta (se era possível observar uma cruz), usaram na
extremidade de cada uma das cinco hastes, pedaços de barbante que passaram a
funcionar como retas. Estes cinco barbantes foram amarrados em uma cruz feita,
também, de arame, pendurada em uma das
extremidades da caixa. Cada estrela foi ligada a uma ponta da cruz, obedecendo
às suas respectivas posições na constelação. Na etapa seguinte, na extremidade
de cada haste fixaram um pequeno LED amarelo. Para tornar o ambiente interno
mais escuro e menos reflexivo, encaparam com papel camurça preto o interior da
caixa. Quando terminaram, fecharam a caixa e observaram pelo orifício frontal.
Quando observaram pelo orifício, foi possível perceber que
as estrelas (representadas por LEDS) estão localizadas uma do lado da outra. O
autor destacou que o propósito da atividade não foi abordar a relação entre o
brilho aparente das cinco estrelas e as distancia que elas estão de nos.
No final do artigo o autor explicita que a experiência foi
feita para que os alunos compreendam que o conceito de constelação é mais amplo
do que um simples ‘’agrupamento de estrelas.’’ Constelação trata-se de uma
prática que favorece a visualização da constelação a partir de ângulos diferentes,
fazendo-nos perceber que as diversas culturas visualizaram o resultado de um
mero efeito de perspectiva.
Sendo assim, continuamos com a mesma questão, será o
Cruzeiro do Sul realmente uma cruz?
Para complementação da resenha, achamos esse video interessante na internet que explica de forma sucinta o que foi abordado no texto.
Para complementação da resenha, achamos esse video interessante na internet que explica de forma sucinta o que foi abordado no texto.
Les Cheries
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