sábado, 6 de abril de 2013

Resenha: Um novo olhar sobre as constelações e seu significado: Será o cruzeiro do sul uma cruz?

Um novo olhar sobre as constelações e seu significado: Será o cruzeiro do sul uma cruz?

Marcos Daniel Longhini
Faculdade de Educação, Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Brasil


O artigo escrito por Marcos Daniel Longhini aborda um tema interessante sobre o que é uma constelação, rompendo com a ideia de que são um ‘’conjunto de estrelas’’. Para provar isso, o autor apresenta uma proposta de atividade de ensino na qual as cinco principais estrelas da constelação do Cruzeiro do Sul são representadas por LEDs e inseridas em uma caixa. A montagem propicia um “novo olhar” sobre essa constelação, compreendendo o fato de não se tratar de um agrupamento de estrelas localizadas próximas entre si.

O autor começa seu artigo expondo informações interessantes de como a humanidade utilizou as constelações e utiliza nos dias de hoje. A partir das observações do céu era possível encontrar formas para registro de passagem de tempo, determinação das épocas (quando o ano começava e acabava) facilitando prever períodos do plantio, cheia nos dias e colheita. A partir do momento em que começaram a obter informações se baseando em desenhos imaginários que o homem inventara, chamadas de constelações, também foi possível se guiar pelos mares através do céu na época das grandes navegações. Quando essa prática foi ganhando força, o ser humano pode concluir que as estrelas não mudam de lugar, elas formam configurações inalteráveis ao decorrer do tempo.

Uma vez que no tempo dos Persas e Babilônios (3.000 a.C.) foram feitos registros de mapas celestes, é possível observar que muitas das constelações presentes ainda são visíveis nos dias atuais, mostrando que não se alterou quase nada daquela época para a atualidade, porém, não quer dizer que as posições das estrelas jamais mudarão. Cada astro possui um ciclo de vida diferente, e na maioria das vezes possuem um movimento muito lento no céu, fazendo com que não percebamos a mudança de lugar.

Quando pensamos em constelações, logo pensamos em desenhos, no entanto, precisamos entender que elas são agrupamentos aparentes de estrelas, nas quais foram atribuídas figuras dependendo da época e da cultura dos povos que as nomearam. Por exemplo os Aimaras (povos da civilização pé colombiana), nomearam uma constelação de ‘’Bandeira de estrelas’’ que representava um símbolo muito usado em suas festividades e que na verdade é uma figura formada a partir de estrelas que se olharmos, parecem fazer parte de outras. Já na antiguidade, são inúmeras constelações associadas a seres mitológicos. Essas informações revelam que o desenho que observamos, depende da cultura e da época.
Nos dias  atuais utilizamos as constelações para determinar certos eventos, como  Escorpião que é visível do Hemisfério Sul durante as noites de junho marcando o inverno nesse hemisfério.   
      




Já Órion é a constelação típica de verão, que podemos observar em dezembro.






As constelações começaram a ser catalogadas por Cláudio Ptlomeu, no seu livro Almagesto
(150 d.C.), mas de grande importância foi o trabalho de Johann Bayer, astrônomo alemão, que escreveu o Uranometria, em 1603, foi o primeiro ‘’atlas’’ celeste. Os números de constelações constatadas foi aumentando, principalmente no período de navegações, devido ao maior conhecimento do hemisfério sul.  Muitas constelações
A distância entre a Terra e as demais estrelas são gigantes, com exceção do Sol, que comparado as outras está relativamente próximo.  
Baseando-se em todas essas informações o autor levanta a seguinte questão: Tudo que podemos observar em uma constelação, como aglomerados, nebulosas ou galáxias, formam um conjunto, constituindo, portanto, a constelação?
Para exemplo, o autor pega de exemplo a constelação conhecida como ‘’Cruzeiro do Sul’’, presente até na nossa bandeira nacional. Aparentemente ele é constituído por cinco estrelas, mas outros astros estão localizados na região.





Para a atividade de comprovação foram utilizadas as cinco principais estrelas mais significativas : Estrela de Magalhães (Alfa do Cruzeiro),  a mais reluzente é a que se encontra ao pé da cruz. No topo da cruz está Rubídea (Gama do Cruzeiro); na extremidade esquerda encontra-se Mimosa (Beta do Cruzeiro); e à direita, Pálida (Delta do Cruzeiro). Existe ainda uma quinta estrela que não pertence  aos braços da cruz, conhecida por Intrometida ou Intrusa (Épsilon do Cruzeiro). Em relação a distância destas cinco estrelas da Terra, temos: Estrela de Magalhães ou Acrux (359 anos-luz); Mimosa  (424 anos-luz); Rubídea ou Gacrux (88 anos-luz); Pálida (257 anos-luz), e Intrometida (58 anos-luz). Isso revela que, apesar de elas pertencerem à mesma constelação, estão a distâncias significativas entre si.
No entanto, por que aparentemente a observamos juntas, formando uma cruz? Para isso, o autor mostrará, a partir de uma prática experimental, ser apenas um efeito de perspectiva e desmistificará a ideia de que as constelações são conjuntos de estrelas.


 MONTAGEM EXPERIMENTAL
O autor utilizou uma caixa de madeira, com uma tampa deslizante (funcionando como uma câmara escura)  para observar o efeito causado pela nossa posição em relação as estrelas do cruzeiro do Sul. Em uma de suas faces fizeram um orifício. Depois marcaram no fundo da caixa as posições  aproximadas das cinco estrelas citadas, considerando suas distâncias até nós, que na situação, representamos pela posição da face com o orifício. Em seguida, em cada uma destas marcas, fixaram, com fita adesiva, hastes de arame de tamanhos diferentes.




Após todo esse processam obtiveram : na haste com 19 cm de altura, fixamos Rubí-dea; na de 16 cm, Mimosa; na de 11 cm, Pálida; na de 10 cm, Intrometida; e, por fim, na de 3 cm, a Estrela de Magalhães. Utilizando essas medidas, a cruz terá uma inclinação para a direita, representando a constelação em um determinado momento da noite. Para verificar se cada haste estava colocada na posição correta (se era possível observar uma cruz), usaram na extremidade de cada uma das cinco hastes, pedaços de barbante que passaram a funcionar como retas. Estes cinco barbantes foram amarrados em uma cruz feita, também, de arame,  pendurada em uma das extremidades da caixa. Cada estrela foi ligada a uma ponta da cruz, obedecendo às suas respectivas posições na constelação. Na etapa seguinte, na extremidade de cada haste fixaram um pequeno LED amarelo. Para tornar o ambiente interno mais escuro e menos reflexivo, encaparam com papel camurça preto o interior da caixa. Quando terminaram, fecharam a caixa e observaram pelo orifício frontal.

    




          

      
Quando observaram pelo orifício, foi possível perceber que as estrelas (representadas por LEDS) estão localizadas uma do lado da outra. O autor destacou que o propósito da atividade não foi abordar a relação entre o brilho aparente das cinco estrelas e as distancia que elas estão de nos.

No final do artigo o autor explicita que a experiência foi feita para que os alunos compreendam que o conceito de constelação é mais amplo do que um simples ‘’agrupamento de estrelas.’’ Constelação trata-se de uma prática que favorece a visualização da constelação a partir de ângulos diferentes, fazendo-nos perceber que as diversas culturas visualizaram o resultado de um mero efeito de perspectiva. 

Sendo assim, continuamos com a mesma questão, será o Cruzeiro do Sul realmente uma cruz?

Para complementação da resenha, achamos esse video interessante na internet que explica de forma sucinta o que foi abordado no texto.





Les Cheries

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