domingo, 7 de abril de 2013

Dossiê de História - A era das revoluções

A era das revoluções predomina desde a revolução 

francesa até a primavera dos povos




Vida e morte de Eric Hobesbawn


Maior historiador esquerdista de língua inglesa, Eric Hobsbawm, morreu de pneumonia no dia 1 de outubro de 2012 aos 95 anos no hospital Royal Free de Londres . Sua filha, Julia Hobsbawm, disse: "Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã em Londres. Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo". Até o fim, ele estava se esforçando ao máximo, ele estava se atualizando, havia uma pilha de jornais em sua cama", completou a filha.

O intelectual marxista é considerado um dos maiores historiadores do século XX e entre suas obras de destaque, que influenciaram gerações de historiadores, está Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 - 1991. No livro, ele afirma que o século XX começou em 1914, com a I Guerra Mundial, e terminou em 1991, com o fim da União Soviética. A publicação faz parte da quadrilogia que aborda a história europeia entre 1789 e 1991 e da qual fazem parte os livros A Era das Revoluções (1962), A Era do Capital (1975), A Era dos Impérios (1987) e A Era dos Extremos (1994). Outra obra importante é Globalização, Democracia e Terrorismo. Em 2002, Hobsbawm lançou a biografia Tempos Interessantes: Uma Vida no Século XX.
Marxista irredutível, chegou a defender o indefensável: numa entrevista que chocou leitores, críticos e colegas, alegou que o assassinato de milhões orquestrado por Stalin na União Soviética teria valido a pena se dele tivesse resultado uma "genuína sociedade comunista". Hobsbawm foi de fato um historiador talentoso. Nunca fez doutrinação rasteira em suas obras. Mas o talento de historiador, é forçoso dizer, ficará para sempre manchado pela cegueira com que ele se agarrou a uma posição ideológica insustentável.
A história pessoal de Hobsbawm ajuda a entender sua adesão ao marxismo. Nascido no ano da Revolução Russa, 1917, em Alexandria, no Egito, ele se mudou na infância para Viena, terra natal materna, onde perdeu ainda adolescente tanto a mãe quanto o pai, um fracassado negociante inglês que permitiu a ele ter desde cedo o passaporte britânico. Criado por parentes em Berlim na época em que Hitler ascendia ao poder, ele viu no comunismo uma contrapartida ao nazismo.
Hobsbawm só desistiu de defender com unhas e dentes o sistema após a queda do Muro de Berlim, em 1989. “Eu não queria romper com a tradição que era a minha vida e com o que eu pensava quando me envolvi com ela. Ainda acho que era uma grande causa, a causa da emancipação da humanidade. Talvez nós tenhamos ido pelo caminho errado, talvez tenhamos montado o cavalo errado, mas você tem de permanecer na corrida, caso contrário, a vida não vale a pena ser vivida”, disse ele ao The New York Times, em 2003, em uma das poucas declarações em que admitia as falhas do comunismo – porém, sem dar o braço verdadeiramente a torcer.
Lições - O pensador apresentou as suas três lições aos jovens historiadores que investigam fatos do passado: devem procurar saber algo do acontecido antes de mergulhar nos arquivos, devem saber que a memória dos protagonistas falhará sobre os pontos isolados da História e devem reconhecer a inutilidade de tentar mudar as ideias e os ideais dos participantes dos acontecimentos.
VICTÓRIA CHEQUELEIRO N°32



Ideia de Revolução


A revolução, segundo o Dicionário Houaiss é datada do século XV e designa "grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina"; "movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas nas instituições políticas, econômicas, culturais e morais".

Portanto, no sentido amplo do termo a palavra revolução representa sempre um ato de propagação de uma transformação, da alteração de uma situação estabelecida.
Já em um sentido mais estrito, como naquele representado por uma visão sociológica da palavra, poderiamos compreendê-la como qualquer movimento capaz de alterar sistemas de comandos pré-existentes, mas, com capacidade para realizar profundas alterações nestes comandos.
E estes mecanismos podem ocorrer de várias maneiras. A destituição de um poder estatal por movimentos revolucionários de toda ordem (não necessáriamente armados, porque a revolução não está atrelada apenas as formas violentas de transformação); a alteração no comando de um movimento sindical, por um revolução de trabalhadores que se insurgem com um ordenamento estabelecido; por uma categoria de trabalhadores que se rebelam contra determinações patronais, por um movimento estudantil que consegue obter por meio de uma revolução uma mudança na forma de obtenção de vagas nas universidades públicas; por uma torcida que consegue alterar o comado de uma equipe esportiva, etc.
Assim, a palavra revolução expressa uma conduta absolutamente importante e fundamental na vida das pessoas. Para que pudéssemos chegar onde chegamos quantas revoluções não ocorreram e quantas ainda ocorrerão?
E mais, o próprio cidadão como ser uno, durante seu ciclo de vida é capaz de assistir inúmeros processos revolucionários e o mais representativo deles é aquele que nos transforma, em uma revolução inexplicável, de criança à velho.
Quanta coisa esta palavra não representa e ainda assim não somos capazes de refletir sobre ela com a amplitude merecida
.

RAPHAELLA BOECHAT N°26



Revolução Francesa


Um conjunto de acontecimentos ocorridos entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799 ocasionando uma mudança no quadro político e social da França. Pode-se dizer que esta revolução deu inicio a idade contemporânea, aboliu a escravidão e os direitos feudais e proclamou os princípios de “ Liberdade, igualdade e fraternidade” recebendo grande influencia dos ideais iluministas e da independência Americana.
Divisão da população:
A sociedade francesa do século VXIII mantinha uma divisão em três partes: Clero ou Primeiro estado, Nobreza ou Segundo Estado e Povo ou Terceiro Estado cada um estabelecendo sua própria lei (privilégios) não esquecendo dos San Cullotes, uma camada heterogênea composta por artesãos, aprendizes e proletários, que tinham este nome graças às calças simples que usavam, diferentes dos tecidos caros utilizados pelos nobres. Os impostos e contribuições para o Estado, o clero e a nobreza incidiam sobre o Terceiro Estado, uma vez que os dois últimos não só tinham isenção tributária como ainda usufruíam do tesouro real por meio de pensões e cargos públicos. Com um Rei absoluto (ou seja, um Rei que detinha um poder supremo independente), sendo assim quem se opunha a sua lei era designado a bastilha. Contudo, a frança passava por uma evolução nos últimos anos: A censura havia terminado, a tortura proibida e a representação do povo nos estados gerais acabavam de ser duplicada para contrariar a nobreza e o clero que não eram a favor de uma reforma dos impostos, pois perderiam seus privilégios. As causas da revolução francesa são remotas e imediatas. Entre as do primeiro grupo podemos considerar que a França passava por um período de crise financeira ocasionada pela participação francesa na Guerra de Independencia dos Estados Unidos e na derrota, na Guerra dos sete anos. Os votos eram atribuídos por ordem (1- clero, 2- nobreza, 3- Terceiro Estado) e não por cabeça. A injustiça sobre o terceiro estado era clara pois sempre saia em prejuízo quanto a aprovação de leis. Os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e apenas uma ordem sustentava o país, deixando obviamente a balança comercial negativa ante os elevados custos das sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos gastos da corte do rei Luís XVI.
Períodos marcantes da revolução:
Podemos dividir a revolução francesa pode ser subdividida em quatro períodos: Assembleia constituinte, assembléia legislativa, convenção e diretório.
- Assembléia constituinte: Os deputados dos três estados eram unânimes em um ponto: desejavam limitar o poder real, à semelhança do que se passava na vizinha Inglaterra e que igualmente tinha sido assegurado pelos norte-americanos nas suas constituições. No dia 5 de maio, o rei mandou abrir a sessão inaugural dos Estados Gerais e, em seu discurso, advertiu que não se deveria tratar de política, isto é, da limitação do poder real, mas apenas da reorganização financeira do reino e do sistema tributário.
- Assembleia Legislativa: Em 1791, iniciou-se a fase denominada Monarquia Constitucional. Nas eleições de outubro de 1791, as cadeiras da Assembléia Legislativa foram ocupadas predominantemente por elementos da burguesia. A Assembléia Legislativa, que iniciou suas sessões em 1º de outubro, era formada por 750 membros, sem experiência política. Embora a burguesia tivesse de enfrentar, dentro da Assembléia, a oposição da aristocracia, cujos deputados ocupavam o lado direito de quem entrava no recinto de reuniões, e também dos democratas, que ocupavam o lado esquerdo, as maiores dificuldades estavam fora da Assembléia. À extrema direita, o rei e a aristocracia se recusavam a aceitar qualquer compromisso. À extrema esquerda, a pequena e média burguesia sentiam-se lesadas e enganadas. Os camponeses, desesperados, porque tinham de pagar pela extinção dos direitos feudais, retomaram a violência. O confisco dos bens da Igreja e a Constituição do Clero, que faziam com que os religiosos rompessem com o papado, levaram a maior parte do clero para o campo da Contra-Revolução. Apesar de todas as dificuldades, a alta burguesia se mantinha no poder.
- Convenção: Após o término das deliberações da Assembléia Constituinte, a burguesia passou a uma posição conservadora, por entender que as principais mudanças já haviam sido implementadas na sociedade francesa. A situação do povo mais pobre, porém, pouco tinha mudado. Os camponeses continuavam sem terra e nas cidades a situação tornava-se cada vez mais desesperadora. Em agosto de 1792, uma intensa mobilização popular destronou o rei, e depois de elaborar a Carta Magna francesa, a Assembléia Nacional Constituinte dissolveu-se. A Assembléia Legislativa substituiu a Constituinte
- Diretório: Foi uma fase conservadora, marcada pelo retorno da Alta Burguesia ao poder e pelo aumento do prestígio do Exército apoiado nas vitórias obtidas nas e dos panhas externas. Uma nova constituição entregou o poder executivo ao diretório, uma comissão constituída de cinco diretores eleitos por cinco anos. Esta carta previa o direito de voto masculino aos alfabetizados. O poder legislativo era exercido por duas câmaras, o Conselho dos Ansiões e dos Quinhentos.
A Queda da Monarquia
Os emigrados buscavam apoio externo para restaurar o Estado absoluto. As vizinhas potências absolutistas apoiavam esses movimentos, pois temiam a irradiação das ideias revolucionárias francesas para seus países. Os emigrados e as monarquias absolutistas formaram uma aliança destinada a restaurar, na França, os poderes absolutos de Luís XVI. Alegando a necessidade de se restaurar a dignidade real da França, na Declaração de Pillnitz esses países ameaçaram a França de uma intervenção. Em 1792, a Assembléia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política" e da rainha Maria Antonieta: "Os imbecis [referia-se a burguesia]! Não vêem que nos servem". Portanto, o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária. Diante da aproximação dos exércitos coligados estrangeiros, formaram-se por toda a França batalhões de voluntários. Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país por colaborarem com os invasores.

CAMYLLA BATISTA N°04

Revolução Industrial 



A revolução industrial na visão de Hobsbawn reflete um impacto relativamente tardio sobre a Europa. O fato existia na Inglaterra antes do termo. A década de 1780 foi, segundo a maioria dos estudiosos, o ponto de “partida” para a Revolução, a qual não se pode dizer completa, visto que ainda prossegue.
O avanço britânico não se deveu à superioridade tecnológica e científica, mesmo porque os franceses é que estavam à frente nesse quesito (produziam, por exemplo, melhores navios). As condições adequadas estavam visivelmente presentes na Grã-Bretanha: mais de um século se passara desde que o primeiro rei fora julgado e condenado; o lucro privado e o desenvolvimento econômico eram os supremos objetivos da política governamental; as atividades agrícolas já estavam predominantemente dirigidas para o mercado; as manufaturas já se haviam disseminado por um interior não feudal. Além disso, a Grã-Bretanha possuía uma indústria admiravelmente ajustada à revolução industrial pioneira, em condições de se lançar à indústria algodoeira e à expansão colonial.
Hobsbawm diz que, em 1830, a “indústria” e a “fábrica” no sentido moderno ainda significavam quase que exclusivamente as áreas algodoeiras do Reino Unido. Se o algodão florescia, a economia florescia, se ele caía, também caía a economia
A mineração também era forte no período: em 1800, a Grã-Bretanha deve ter produzido cerca de 10 milhões de toneladas de carvão, ou aproximadamente 90% da produção mundial. Essa imensa indústria estimulou a invenção básica que iria transformar as indústrias de bens de capital: a ferrovia. Mal tinham as ferrovias provado serem tecnicamente viáveis e lucrativas na Inglaterra e planos para sua construção já eram feitos na maioria dos países do mundo ocidental, embora sua execução fosse geralmente retardada.
Se outra forma de investimento doméstico podia ter sido encontrada – por exemplo, na construção – é uma questão acadêmica para a qual a resposta permanece em dúvida. De fato, o capital encontrou as ferrovias, que não podiam ter sido construídas tão rapidamente e em tão grande escala sem essa torrente de capital, especialmente na metade da década de 1840. Era uma conjuntura feliz, pois, de imediato, as ferrovias resolveram virtualmente todos os problemas do crescimento econômico.
Hobsbawm dá continuidade dizendo que uma economia industrial significa um brusco declínio proporcional da produção agrícola (isto é, rural) e um brusco aumento da população não agrícola (isto é, crescentemente urbana), e, quase certamente, (como no período em apreço) um rápido aumento geral da população, o que, portanto, implica, em primeiro plano, um brusco crescimento no fornecimento de alimentos, ou seja, uma “revolução agrícola”.
Também é apontado o problema do fornecimento de mão de obra. Com efeito, conseguir um número suficiente de trabalhadores com as necessárias qualificações e habilidades era tarefa difícil. Todo operário tinha que aprender a trabalhar de uma maneira adequada à indústria: ritmo diário ininterrupto, por exemplo, diferente do trabalhador agrícola ou do artesão independente. Instaurava-se a disciplina do operariado, a fim de estabelecerem-se mecanismos de controle. Também era mais conveniente empregar mulheres e crianças, pois eram mais baratos.
O autor finaliza dizendo que tanto a Grã-Bretanha quanto o mundo sabiam que a revolução industrial, possuía uma única lei que era comprar no mercado mais barato e vender sem restrição no mais caro, e isso estava transformando o mundo. Nada poderia detê-la. Os deuses e os reis do passado eram impotentes diante dos homens de negócios e das máquinas a vapor do presente.
GABRIELA GUIMARÃES N°07

Primavera dos povos

Revolução de 1848- Primavera dos Povos Com a Revolução de 1830, a França passa a ser governada por um rei que demonstra ser liberal e ligado à burguesia. Seu nome era Luis Felipe. Entretanto, no final de seu governo, Luis Felipe, com o auxílio de seu ministro Guizot, toma medidas extremamente conservadoras como, por exemplo, proibir a liberdade de expressão e de imprensa. Diante dessa situação, a população muito insatisfeita, começa a se reunir em banquetes, nos quais eram secretamente discutidos vários assuntos proibidos pelo rei. Entre eles estavam: política e economia. Porém, certo dia, Guizot descobriu que haveria um banquete em fevereiro de 1848, onde seriam discutidas suspeitas de corrupção do próprio. Assim, Guizot proíbe que aconteça este encontro e, a população incomodada, se revolta. Durante esta reação violenta, a população alcança a abdicação de Luis Felipe e instaura um governo provisório – a II República Francesa. Este governo provisório, pressionado pelo proletariado, toma algumas medidas sociais, como o combate ao desemprego, e por isso, esse pequeno período do governo é chamado de República Social.
Durante as eleições presidenciais, Luís Bonaparte, favorecido pela fama de seu tio, Napoleão Bonaparte, é eleito com a maioria dos votos. LuÍs Bonaparte instaurou um governo totalmente liberal e burguês. Como era privilegiada, a burguesia temia que, nas eleições futuras, um governo que não a favorecesse fosse eleito. Seguindo esta ordem de pensamento, a burguesia encorajou Luís Bonaparte a dar um golpe de estado, se declarando imperador. Esse golpe, realizado em 1852, ficou conhecido como “18 Brumário de Luís Bonaparte” e assim, Luís se nomeia como Napoleão III.
Esses movimentos marcam definitivamente a ruptura entre burguesia e proletariado e também, o fim d o Congresso de Viena (antigo regime). Deste modo, logo se disseminaramm por toda Europa, significando um novo modelo de revolução, os quais promoviam o nacionalismo. Seu aspecto global e sua curta duração deram a essa revolução o apelido de “Primavera dos Povos”
Como veremos no texto abaixo, para o historiador Eric Hobsbawm, a Primavera dos Povos foi a primeira revolução potencialmente global, tornando-se um paradigma de "revolução mundial" que alimentou rebeldes de várias gerações. Por outro lado, o triunfo eleitoral de Luís Bonaparte mostrou que a democracia, anteriormente relacionada com os ideais da revolução, prestava-se também à manutenção da ordem social.

“No início de 1848, o eminente pensador político francês Alexis de Tocqueville tomou a tribuna da Câmara dos Deputados para expressar sentimentos que muitos europeus partilhavam: 'Nós dormimos sobre um vulcão... Os senhores não perceberam que a terra treme mais uma vez? Sopra o vento das revoluções, a tempestade está no horizonte'. Mais ou menos no mesmo momento, dois exilados alemães, Karl Marx com trinta anos e Friedrich Engels com vinte e oito, divulgavam os princípios da revolução proletária para provocar aquilo que Tocqueville estava alertando seus colegas, no programa que ambos tinham traçado algumas semanas antes para a Liga Comunista Alemã e que tinha sido publicada anonimamente em Londres, por volta de 24 de fevereiro de 1848, sob o título (alemão) de Manifesto do Partido Comunista, para ser publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês. Em poucas semanas, ou, no caso do Manifesto, em poucas horas, as esperanças e temores dos profetas pareceram estar na iminência da realização.

A monarquia tinha sido derrubada por uma insurreição, a república proclamada e a revolução européia tinha iniciado.

Tem havido um bom número de grandes revoluções na história do mundo moderno, e certamente a maioria bem-sucedida. Mas nunca houve uma que tivesse se espalhado tão rápida e amplamente, se alastrado como fogo na palha por sobre fronteiras, países e mesmo oceanos. [...] Em poucas semanas nenhum governo ficou de pé numa área da Europa que hoje é ocupada completa ou parcialmente por vários estados, sem contar as repercussões em um bom número de outros. Além disso, 1848 foi a primeira revolução potencialmente global, cuja influência direta pode ser detectada na insurreição de 1848 em Pernambuco (Brasil) e poucos anos depois na remota Colômbia. Num certo sentido, foi o paradigma de um tipo de 'revolução mundial' com o qual, dali em diante, rebeldes poderiam sonhar e que, em raros momentos como no pós-guerra das duas conflagrações mundiais, eles pensaram poder reconhecer. De fato, explosões simultâneas continentais ou mundiais são extremamente raras. 1848 na Europa foi a única a afetar tanto as partes 'desenvolvidas' quanto as atrasadas do continente. Foi ao mesmo tempo a mais ampla e a menos sucedida desse tipo de revolução. No breve período de seis meses de sua explosão, sua derrota universal era seguramente previsível; dezoito meses depois, todos os regimes que derrubara foram restaurados, com a exceção da República Francesa que, por seu lado, estava mantendo todas as distâncias possíveis em relação à revolução à qual devia sua própria existência. [...]"

(HOBSBAWM, Eric. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 4» ed. 1988.)

LILIAN NARDINELLI N°17

Les Cheries

Nenhum comentário:

Postar um comentário