Quem poderia imaginar, lá em 1959, que tempo depois surgiria um sistema tão eficaz e veloz de transmissão de dados e informação como a internet? Neste mesmo ano, Fidel Castro e seus companheiros derrubavam o governo de Fulgêncio Batista e instalavam em Cuba uma ditadura que perdura até hoje. Mercê das duras sanções aplicadas ao sistema comercial cubano, o país mergulhou em um vácuo que o colocou em profunda inércia. É como se o tempo estivesse parado por lá. Tudo é reparado, não há sistema de reposição ou importação de produtos, salvo alguns itens relacionados à saúde, por exemplo.
Ora, diante desta realidade, não é difícil imaginar como os cidadãos cubanos são obrigatoriamente alienados das informações que velozmente circundam o mundo. Não há acesso fácil, o governo cubano não dispõe de sistema de oferta pública de acesso à internet. O acesso está restrito às áreas onde circulam turistas, como nos hotéis de grande porte. Isso faz com que os cubanos não tenham acesso à opinião mundial, inclusive, sobre Cuba e o que é pior, não podem se articular de modo eficaz para contestar ou se opor ao regime da família Castro.
Neste contexto de dificuldades, uns poucos conseguem furar este bloqueio, como Yoani Sanchez que do seu blog, dispara crônicas acerca do cotidiano de silêncio e opressão vivido pelo povo cubano. Não é estranho que ela seja pouco conhecida na sua própria Ilha, mesmo porque não tem como difundir a sua opinião em seu país. Já no exterior, Yoani tem uma excelente repercussão que acabou lhe garantindo um giro por vários países do mundo.
A primeira parada foi no Brasil. Aqui ela assistiu a uma dura realidade. Em que pese o acesso massivo à rede de informações, Yoani pode perceber que isso não é suficiente quando as informações não são suficientemente digeridas pelas pessoas. Embalados por grupos de várias matizes, inclusive, os de bandeira vermelha, a blogueira sofreu aqui uma resistência que possivelmente não receberia sequer em Cuba.
Yoani foi considerada pela revista Time, uma das “100 pessoas mais influentes de 2008” dizendo que "debaixo do nariz de um regime que nunca tolerou dissensão, Sánchez exerce um direito não garantido aos jornalistas que trabalham com papel: liberdade de expressão". Conforme informações narradas em entrevista para TV Cultura, nessa semana, a blogueira informou que escreve seus textos e depois, em poucos minutos, através do sistema de tarjeta, insere os textos em seu blog.
Em resumo, ao que parece, o alvo maior das críticas contra o regime ditatorial de Cuba não está sendo atingido. Para o mundo, os efeitos desastrosos da ditadura “castrista” são conhecidos há muito tempo. Se Yoani pretende criar um sistema de contestação interna ao regime, primeiro é necessário esperar que o povo cubano tenha um acesso ilimitado à internet. 2013 não é 1959, entretanto, o povo cubano, embora hoje vivendo em um mundo onde não há mais limites à expansão das ideias, ao que parece, ainda está limitado à aqueles dias em que Fulgêncio Batista seguia embora para que em Cuba se instalasse “A grande revolução”. Na verdade, a revolução ainda virá.
Texto elaborado pela aluna Raphaella Boechat Corrêa.
OBS: uma cópia dessa postagem foi enviada para a blogueira Yoani Sanchez, via email
OBS: uma cópia dessa postagem foi enviada para a blogueira Yoani Sanchez, via email
Nenhum comentário:
Postar um comentário