quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Legado de uma dama de ferro

Margaret Thatcher salvou a Inglaterra do declínio econômico e político. O conjunto de suas ideias ganhou um nome, thatcherismo, algo que nenhum outro premiê britânico alcançou – nem Winston Churchill
Diferente da nobreza por sua origem plebeia, Thatcher venho de uma família humilde, sal da classe média baixa, sendo flha de um merceeiro e de uma costureira. Estudou em escola pública, o que não a impediu de conseguir uma bolsa de estudos que lhe permitiu estudar química em Oxford antes de se encaminhar para o Direito, tornando-se depois especialista em questões fiscais.
Margaret Hilda Thatcher foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Primeiro-Ministro do Reino Unido, permanecendo no cargo por 11 anos e meio, de 04 de maio de 1979 até 22 de novembro de 1990. Margaret tem personalidade polêmica, criticada e elogiada até hoje. Foi eleita para a Câmara dos Comuns e dois anos depois se tornou subsecretária de Estado para Questões Sociais, já em 1970 assumiu a pasta da Educação, em 1975 se tornou líder do Partido Conservador, eleita pelos 276 deputados conservadores da Câmara dos Comuns. E a partir de 1979 até o final de 1990, governou a Inglaterra como primeira-ministra tendo ganhado três eleições com ampla maioria. 

O governo Thatcher teve um começo difícil. Para combater a alta dos preços, ela elevou os juros e passou a faca nos gastos governamentais. Como resultado imediato, a atividade econômica esfriou e o desemprego triplicou, assim sua popularidade caiu, mas suas convicções não se abalaram, efetivou uma série de medidas e mudanças, anunciou um plano para a redução dos impostos e passou a controlar e a realizar reformas institucionais nos sindicatos trabalhistas. Essas reformas lhe renderam o apelido de “Dama de Ferro”.
Os primeiros cinco anos do primeiro mandato foram bastante conturbados, por sua política anticomunista. Seu primeiro mandato ficou marcado por diversas greves e manifestações dos sindicatos trabalhistas, entretanto, sua intervenção na Guerra das Malvinas, em 1982, contribuiu para melhorar sua imagem pessoal e aumentar a popularidade de seu governo e, em decorrência disso, conseguiu sua primeira reeleição em 1983.
Em 1982, um fator inesperado contou a seu favor. O ditador argentino Leopoldo Galtieri ordenou a invasão das Ilhas Malvinas (Fal¬klands para os britânicos), governadas pelos ingleses desde o início do século XIX. Em defesa dos kelpers, a população local, Thatcher mandou reconquistar as ilhas, o que ocorreu dez semanas depois.
O retorno dos soldados vitoriosos foi uma festa. “As Malvinas empurraram a popularidade de Thatcher para cima”, diz o economista John Van Reenen, da London School of Economics. “Sem a guerra, ela provavelmente teria perdido a eleição de 1983.” A primeira-ministra conduziu o Reino Unido durante a Guerra das Malvinas, em 1982, iniciadas quando a Argentina invadiu o território britânico. O confronto ajudou-a a retomar popularidade no seu país, mesmo em um momento de recessão e desemprego em alta, garantindo sua reeleição.

Durante o segundo mandato, Thatcher promoveu um programa de privatizações das empresas estatais e continuou combatendo de forma radical os movimentos sindicais trabalhistas., tornando-se uma das precursoras do neoliberalismo no cenário contemporâneo, aliás, primeiro governo democrático a se inspirar nos princípios do neoliberalismo foi o de Thatcher, que acabou por convencer o Parlamento Britânico da eficácia dos ideais neoliberais e criar uma tributação regressiva, também conhecida como imposto comunitário.
O investimento externo triplicou. “Se Thatcher não tivesse existido, a Inglaterra seria hoje mais pobre, mais influenciável por outras nações e estaria totalmente afundada na crise europeia”, diz o historiador Timothy Knox, diretor do Centro de Estudos Políticos, em Londres, fundado por ela. “E suspeito que a Guerra Fria teria durado mais.”
Nesse período, transformou a política no Reino Unido, ajudou a enterrar o comunismo soviético e criou uma doutrina de política econômica, o thatcherismo, que, em diferentes gradações, dominou o período áureo da globalização na década de 90, dando racionalidade aos políticos no poder e tirando milhões de pessoas da miséria em países tão díspares quanto o Vietnã e o México.
No final da década de 1980, Margareth Thatcher continuava seu governo de forma rígida e inflexível, conseguindo controlar a inflação e acelerou a valorização da moeda inglesa, porém não obteve êxito na redução da taxa de desemprego. Sua segunda reeleição aconteceu em 1987, todavia sua relação com o Partido Conservador não era boa, por causa de sua visão crítica à formação da União Europeia, o que, junto com a eleição de George Bush nos EUA e a perda do apoio externo norte-americano, levou à sua renúncia no ano de 1990.
Seu legado é altamente positivo, a começar pela conversão dos socialistas do Partido Trabalhista inglês ao sistema produtivo de mercado, o capitalismo. Foi chamada pela primeira vez de Dama de Ferro por um jornal oficial soviético, que julgou estar ofendendo-a. Ela adorou o apelido e fez jus a ele na vida pública. Mostrou que governo e povo não são a mesma coisa. governo é uma gigantesca burocracia cujos interesses só em alguns poucos casos, aqueles em que há ganho político, coincidem com os do povo. Por isso é preciso vigiar os governantes, cobrar eficiência deles e diminuir seus poderes.
Margaret Thatcher morreu dia 8 de abril, vítima de derrame. Ela tinha 87 anos. Andou esquecida até que Merryl Streep a representou no cinema em “A Dama de ferro”. Sua firmeza, coragem e competência lhe acarretaram o ódio da esquerda e dos sindicatos que ela colocou de joelhos, mas a única mulher que se tornou primeira-ministra da Inglaterra e governou seu país por mais de 11 anos, nunca esmoreceu diante dos desafios e dificuldades. 

“Liberdade, igualdade, fraternidade – eles se esqueceram de obrigações e deveres, eu acho. E então, é claro, a fraternidade desapareceu por muito tempo.”
Sobre a Revolução Francesa, em entrevista ao jornal francês Le Monde, em 1989

“O problema do socialismo é que uma hora ele acaba com o dinheiro dos outros.”
Em entrevista na televisão inglesa, um ano após assumir a liderança do Partido Conservador, em 1976
“Nós queremos uma sociedade em que as pessoas sejam livres para fazer suas próprias escolhas, cometer seus erros, ser generosas e misericordiosas. É isso o que nós entendemos por uma sociedade moral.”
Discurso na Universidade de Zurique, na Suíça, em 1977
“Esse é o nosso povo, nossas ilhas. Eu disse imediatamente: se elas forem invadidas, teremos de trazê-las de volta.”
Ao ministro da Defesa John Nott, sobre a invasão argentina das Falkland/Malvinas, em 1982.


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