Relação entre o filme "Avatar" e o darwinismo social

Quem acredita que Charles Darwin e sua teoria sobre evolução das espécies se relacione apenas na área biológica está completamente enganado. Não demorou muito para que grandes pensadores se inspirassem nessa teoria e classificar assim, as sociedades humanas em atrasadas ou avançadas, primitivas ou modernas, bárbaras ou civilizadas.

Governos europeus utilizaram essa técnica para justificar seus domínios na Ásia e na África durante o imperialismo (século XIX e parte do século XX), criando as condições para o aumento do preconceito contra os povos desses continentes, vistos como inferiores.

A aplicação da biologia de Darwin às teorias sociais fortalecia o imperialismo, o racismo, o nacionalismo e o militarismo. Os darwinistas sociais insistiam em que as nações e as raças estavam empenhadas numa luta pela sobrevivência, em que apenas o mais forte sobrevive e, na realidade, apenas o mais forte merece sobreviver. 

Eles dividiam a humanidade em raças superiores e inferiores e consideravam o conflito racial e o nacional uma necessidade biológica e um meio para o progresso.

Por que a África?
interesses econômicos nortearam a exploração do continente: metais preciosos, matérias-primas e escravos. O continente possuía enormes riquezas, mão-de-obra abundante e barata e também um grande interesse estratégico.

Por que a Ásia?
Por volta de 1860, a Ásia proporcionava 13,5% do total de importações britânicas e recebia 16,4% do total de suas exportações desse país. Índia, China e Singapura eram os principais clientes.
A Índia constituía um mercado vital para o algodão e as exportações metalúrgicas britânicas. A China era um mercado excelente para os tecidos de algodão e um grande produtor de chá, seda e outros produtos primários.
Além do interesse comercial e das enormes possibilidades de investimentos, a expansão imperialista foi estimulada pelos obstáculos colocados pelos governos asiáticos.

Importante é saber que Darwin não propôs essas concepções criadas até porque era um anti escravocrata declarado. Essas interpretações de sua teoria apenas serviram para justificar o discurso racista e preconceituoso nas regiões que estavam sendo colonizadas.
Podemos relacionar esse imperialismo ligado ao darwinismo social com o filme Avatar, lançado em 2009 e dirigido por James Cameron. O filme narra uma história onde os humanos exploram o planeta Pandora. Esse planeta possui uma pedra muito valiosa que desperta a cobiça dos humanos, no entanto os nativos do planeta não permitem uma aproximação humana (A Ásia e África possuíam riquezas naturais que interessavam aos europeus)

Os humanos estão representados por duas categorias com linhas de raciocínio opostas. De um lado os militares, que querem invadir Pandora a força, travando uma verdadeira guerra com os nativos. Eles investem em armamento pesado, recrutam militares com experiência em Guerras e não se preocupam com a vida existente em Pandora. Do outro, os cientistas, que acreditam numa aproximação diplomática e investem anos de pesquisa para entender os costumes nativos, estudam sua língua, sua religião, sua organização social e principalmente o corpo dos nativos, é mais forte que o corpo humano. Os cientistas criam o “avatar” , uma réplica do corpo dos nativos, feito sob medida para um humano que se conecta a ele através de sua atividade cerebral.

O mesmo acontece com os colonialistas em relação a África e Ásia, onde os europeus se interessavam pelo lucro que eles obtinham através do trabalho que os habitantes das colônias prestavam para eles. Eles não se importavam com as condições de trabalho e tampouco se os nativos iriam ou não sobreviver a esta forma de exploração desumana e capitalista. 

Na fase final da criação de um avatar, um dos cientistas é assassinado, porém como ele possui um irmão gêmeo militar, Jake, o governo decide convidá-lo a fazer parte da missão, utilizando o avatar que foi criado para o seu irmão.

As experiências de Jake no novo mundo o deixa confuso, pois se apaixonou por uma nativa e não quer mais enganar os omaticaymas (nativos) . Os militares decidem deixar a diplomacia de lado e iniciar a guerra. Jake se vê dividido, de um lado os interesses de sua espécie, de outro, uma vida equilibrada e saudável e um amor que acaba de surgir. Ele opta por defender a floresta e esse mundo incrível que ele acaba de conhecer, partindo para uma guerra onde os nativos se defendem com arcos e flechas e os humanos atacam com armamento pesado, mesmo com o cenário mais adverso, os omaticaymas vencem com a ajuda de alguns humanos e das forças da natureza.

Essa obra de ficção nos leva a uma reflexão profunda: até onde os interesses comerciais podem ir? Qualquer atitude pode ser justificada para se defender interesses comerciais? Avatar, diferente de muitos outros filmes, coloca os humanos como os vilões, que colocam os interesses comerciais acima de tudo